Como usar o “Design Thinking” na educação

20/07/2021
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20/07/2021 Marcia Ameriot

Originalmente utilizado pelos designers, o método do Design Thinking é agora aplicado a qualquer campo. O seu objetivo é resolver os problemas de uma forma prática e criativa. Concentra-se nas necessidades dos seres humanos, na procura de soluções eficazes para satisfazer-nos.

Christoph Meinel e Harry Leifer, do Hasso-Plattner Institute of Design da Universidade de Stanford, a instituição acadêmica onde este sistema nasceu nos anos 70, explicam no seu estudo sobre Design Thinking que este procedimento se baseia em quatro regras:

  1. A humana: refere-se a um ponto de vista centrado no ser humano.
  2. A regra da ambiguidade: é inevitável. A experiência nos limites do nosso conhecimento e capacidade são fundamentais para ver as coisas de forma diferente.
  3. A do redesenho: embora as necessidades básicas não mudem, os meios para satisfazê-las devem ser redesenhados.
  4. A da tangibilidade: se as ideias são tangíveis através de protótipos, são comunicadas de forma mais eficaz.

Na sala de aula, estas pautas se aplicam como uma metodologia de aprendizagem para os estudantes.

A escola do século 21

A escola do século 21 oferece novas oportunidades e desafios para um mundo que exige novas habilidades e aprendizado.

Nesse modelo, novas formas de aprendizagem são incluídas para o aluno. Habilidades como criatividade e competência digital passam a ter mais destaque. E, sobretudo, destaca-se a importância de colocar o aluno no centro da aprendizagem.

A escola do século 21 representa uma mudança no paradigma educacional. Onde a inovação, a digitalização e as inteligências múltiplas assumem grande relevância.

Essa mudança de modelo e paradigma não inclui apenas o Design Thinking na sala de aula. O aluno está em constante processo de inovação aberta, colaborando constantemente com seus colegas e desenvolver outras habilidades como empatia ou empreendedorismo.

Este roteiro escolar também inclui outros pontos de grande valor para o aluno, como os projetos protagonizados por ele, processos de gamificação ou o trabalho em inteligências múltiplas. Tudo isso determina novas formas de avaliação e trabalho, deslocando o aprendizado por projetos da fórmula usual de avaliação por meio de exames.

 

Design Thinking na prática como ferramenta para educadores

  1. Descoberta: nesta primeira fase, o aluno tem que entender o desafio que foi colocado. Como, por exemplo, transformar a sala de aula em um espaço inspirador. Posteriormente, você irá preparar a investigação, da qual obterá informações inspiradoras que o acompanharão na segunda fase.
  2. Interpretação: Coletar a informação, trata-se de encontrar o significado de toda aquela riqueza de dados, percepções e sensações vivenciadas. Refiná-los e defini-los com o objetivo de descobrir oportunidades de melhoria concretas e acessíveis. Por exemplo, crie um espaço em que todos os alunos se sintam envolvidos. Crie um lugar que incentive a colaboração entre eles ou encontre uma maneira de tornar sua sala de aula sempre um lugar divertido para aprender.
  3. Ideação: Metade de uma grande solução passa pela detecção de uma oportunidade relevante. Bem definida esta oportunidade, só falta começar a gerar ideias de melhorias. Como, seguindo o exemplo, criar um espaço em que o uso de mesas e cadeiras fosse elegível e modular.
  4. Experimentação: as ideias precisam ser tangíveis, vividas e testadas. Os alunos, por meio de protótipos, tornam isso possível.
  5. Evolução: O processo realizado gera aprendizagem, que os alunos acompanharão com o professor. Com base nesses aprendizados, eles refinarão sua solução. Em um processo de melhoria constante que só terminará quando decidirem.

 

O Design Thinking na sala de aula como meio para o desenvolvimento de competências nos alunos

Educação e desenvolvimento de habilidades por meio do Design Thinking em sala de aulaPor meio do Design Thinking e processos de inovação, os alunos exploram o mundo e desenvolvem novas habilidades de grande valor para eles


O processo de design
não é apenas uma metodologia que permite aos alunos gerar soluções e fazer com que se sintam no centro de seu próprio aprendizado. Além disso, é uma oportunidade para eles desenvolverem competências e conhecimentos em áreas que a sociedade hoje exige deles.

Através desta técnica – na qual o que é aprendido no processo é mais importante do que o resultado – os estudantes não só geram soluções e resolvem problemas, como também desenvolvem competências que são hoje muito solicitadas no local de trabalho, tais como a empatia, pois eles têm que refinar sua percepção e ser capazes de se colocar no lugar dos outros para gerar soluções significativas; a capacidade de gerar ideias através de brainstorming; pensamento lógico e crítico; criatividade e trabalho de equipe.

 

Ao trabalhar em um projeto, o mais importante não é o resultado, mas a aprendizagem. E, paradoxalmente, isso acaba gerando ótimos resultados

Por meio das diferentes fases do processo criativo, o aluno também desenvolve sua capacidade de ideação. O professor deve encorajar os alunos a fazer um brainstorming verdadeiro e enriquecedor, no qual nenhuma ideia deve ser descartada inicialmente. E onde o aluno desenvolva sua criatividade gostando do processo e sem medo de errar.

O trabalho em equipe é outra das grandes competências que o aluno desenvolve em um processo de Design Thinking em sala de aula.

 

Como a equipe escolar e os alunos podem fazer uso do Design Thinking

  • Gestores:

Gestores podem realizar seu planejamento escolar e desenhar suas principais estratégias através do Design Thinking. Também podem usá-lo para mediar reuniões com professores, tornando-as mais leves e produtivas. Além disso, ainda é um recurso de formação pedagógica através de treinamentos e oficinas.

Um exemplo é quando você resolve adotar uma nova metodologia de ensino em sua escola. De forma muito simplificada, você poderia desenhar um círculo central que resuma o propósito dessa nova metodologia. Ao desenhar flechas ao redor desse círculo, é possível apontar para pilares que a sustentam. Dentro de cada pilar, também podem haver subitens menores.

Assim os professores poderão entender a essência dessa ideia de forma muito mais rápida.

  • Professores:

Para os professores, o Design Thinking pode ser usado antes, durante a após a sala de aula. Antes, durante o seu planejamento que pode ser tanto de aulas em si quanto de sua carreira, se atentando para estudos e habilidades que eles mesmos precisam para evoluir. Durante, para explicar conceitos aos alunos e desenvolver uma aula mais interativa entre eles, inclusive propondo atividades em que os alunos desenvolvam o Design Thinking em grupos. Após, para entender métodos de avaliação e mensurar melhor os resultados.

  • Alunos:

Na sala de aula em contato com os professores, os alunos podem se beneficiar de um conteúdo transmitido de maneira mais atraente.  Dessa forma, não só irão aprender através do Design Thinking, mas também irão aprender o Design Thinking em si e até passar a utilizá-lo. Seja para organizar conhecimentos e estudar ou até para visualizarem outros pontos de suas vidas e resolver problemas em geral.

Para além das expectativas, os alunos também podem ensinar uns aos outros e se ajudarem entre si. Afinal, não há melhor forma de aprender do que ensinar.

 

 

Referências

Livro Design Thinking para educadores

 

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Marcia Ameriot

Bacharel em Comunicação pela PUC - SP e jornalista.Há mais de 30 anos atua no Terceiro Setor, tendo dirigido grandes fundaçōes. Desenvolveu sua carreira em Comunicação em veículos de comunicação como Folha da Tarde, Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios. Especialista em Gestão de Organizações do Terceiro Setor pela FGV - SP, é Reinventora CORE e Diretora de Comunicação da Associação.