UNESCO e Governo Francês farão homenagem à Edgar Morin em seu centenário

01/07/2021
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01/07/2021 Marcia Ameriot

Na sexta-feira, 2 de julho, o filósofo dará uma conferência sobre seu trabalho e sua influência internacional. No dia 8 de julho, próxima quinta-feira, data exata de seu centenário, seu passado como lutador da Resistência será discutido com o presidente francês, Emmanuel Macron.

 

Um aniversário que não pode ser perdido.

Por ocasião desses 100 anos, o filósofo e sociólogo Edgar Morin pretende marcar a ocasião dando uma conferência na sexta-feira, dia 02 de julho, na Unesco, que homenageia “seu trabalho e seu pensamento de influência internacional”. Morin deve falar por cerca de 40 minutos da sede da organização internacional, em Paris. O discurso, cujo tema não foi divulgado, será precedido por duas mesas redondas onde serão discutidos o trabalho e a vida deste pensador multifacetado. O evento será transmitido online no Zoom, através do site da Unesco.

Nascido em Paris em 1921, Edgar Nahoum veio de uma família judaica em Salonika, Grécia. Filho único, ele perdeu sua mãe aos dez anos de idade. Em 1942, ele se juntou à Resistência e foi lá que ele escolheu o pseudônimo “Morin”, que ele decidiu manter. Durante sua vida, trabalhou em jornalismo, no Partido Comunista (do qual foi expulso) e no Centro Nacional de Pesquisa Científica. Ele é um dos grandes intelectuais do século XX. “Uma das grandes lições de minha vida é deixar de acreditar na permanência do presente, na continuidade do futuro, na previsibilidade do futuro”, escreve ele em seu último livro, “Lições de um século de vida”. Neste relato, ele olha para trás em sua jornada por tempos turbulentos, começando com a ocupação e terminando com a pandemia de Covid-19 e a crise ecológica. “As catástrofes (e a pandemia de Covid é uma delas) dão origem a dois comportamentos opostos, altruísmo e egoísmo”, conclui o filósofo.

Em resumo, Edgar Morin se diz um “humanista acima de tudo”. Mas ele está lúcido sobre nossa “arrogância ou excesso, a loucura de ambições insaciáveis e infinitas”, como “o domínio quimérico da Terra”. Uma figura da esquerda – mesmo que ele seja difícil de colocar em uma determinada caixa – Edgar Morin pode ser citado como referência por muitos. Em fevereiro de 2018, ele assinou um artigo no jornal Le Monde elogiando o Presidente Emmanuel Macron, cuja capacidade de “ser um intelectual literária e filosoficamente cultivado e um homem que tem uma carreira no lado oposto da filosofia, na área bancária e financeira”.

Mas em seu livro, publicado em junho, também lemos sobre sua simpatia pelos mais ferozes opositores do chefe de Estado. Segundo ele, “muitos protestos, raivas e revoltas populares, como o movimento ‘Coletes Amarelos’, incluem em seus participantes, não apenas certamente, mas inquestionavelmente, a necessidade de serem reconhecidos em sua plena qualidade humana – o que chamamos de dignidade”. Advogando a moderação e o “pensamento complexo”, ele confessa, “vejo atualmente desvios intelectuais surpreendentes”, como xenofobia, fundamentalismo religioso, complacência diante do autoritarismo, ciência sem ética ou cegueira diante dos desvios do capitalismo. “Ao invés da doutrina que responde a tudo, vamos ter a complexidade que questiona tudo”, diz ele.

 

Após este dia de mesas redondas e discursos do sociólogo, na sexta-feira, dois outros dias de festividades também serão organizados pela Unesco. Em 8 de julho, data exata do aniversário de Edgar Morin, será realizado no Palácio do Eliseu um evento em torno da figura do combatente da Resistência, com o Presidente Emmanuel Macron. Em seguida, no dia 9 de julho, será realizada uma cerimônia sobre a Fundação Edgar Morin e seu trabalho.

 

Original em francês do jornal Le Figaro. Tradução livre de Márcia Ameriot

Marcia Ameriot

Bacharel em Comunicação pela PUC - SP e jornalista.Há mais de 30 anos atua no Terceiro Setor, tendo dirigido grandes fundaçōes. Desenvolveu sua carreira em Comunicação em veículos de comunicação como Folha da Tarde, Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios. Especialista em Gestão de Organizações do Terceiro Setor pela FGV - SP, é Reinventora CORE e Diretora de Comunicação da Associação.