Pensando em ideias que pudesse tratar aqui com a intenção de estimular a curiosidade, uma avalanche de possibilidades invadiu minha cabeça!!! Mas, tentei refinar minha “busca” tendo como pontos de partida algumas premissas: seja o que for que pudesse sugerir, era importante que fosse algo simples de ser feito, seguro, com materiais acessíveis (tanto em serem encontrados quanto ao custo) e que cumprisse o propósito de aguçar a curiosidade e de estimular a observação.
Bem, por essa linha de raciocínio, a primeira sugestão que posso trazer é usar a cozinha de casa!! Sim, a cozinha! E sabe por quê? Porque ela é um grande laboratório de química! Bem, não só de Química, mas, vou puxar a corda para o meu lado, ok? (Se você é novo por aqui, saiba que sou química de formação!). Cada vez que se cozinha um alimento, que se corta a batata em pedaços menores para cozinhar mais rápido, que se coloca sal na água do macarrão acelerar o cozimento e até coar um café fresquinho, dentre muitas outras situações que eu poderia citar aqui, você está usando conhecimento científico. E, me baseando nisso, venho te propor a colocar uma criança junto contigo e fazer um bolo com ela. Claro, deve-se ter o cuidado com o calor e com os objetos cortantes.
No entanto, te proponho a colocar a criança ao seu lado e ir, ingrediente por ingrediente, pedindo para ela acrescentá-los no recipiente da mistura; mostre a textura, o tamanho dos grãos do açúcar, da farinha (deixe ela tocar com as mãos um pouco de cada um para estimular o tato e a percepção), peça que ela olhe (com os olhos e com as mãos) e te diga se percebe diferenças e quais são elas, mostre como o óleo (caso a receita use este ingrediente) demora para escorrer e estimule que a criança o compare com a água e “sinta” as diferenças. Depois de tudo acrescentado, peça ajuda para ela misturar tudo – prepare-se para a bagunça! Rsrsrs. Ao final da mistura de todos os ingredientes, pergunte se ela consegue ainda ver os ingredientes, peça para te descrever o que mudou. Coloque no forno e aguarde assar, mantendo neste momento, a criança sob sua supervisão para que ela não se machuque ao tentar olhar o bolo que ela fez. Pensa que a “experiência” acabou?? Nada disso! Quando o bolo estiver mais frio, mostre-o para a criança e instigue a percepção dela sobre as mudanças que aquela massa líquida que ela ajudou a misturar, sofreu: o tamanho (crescimento), os furinhos, a mudança na consistência e não esqueça dos odores!!! Tem lembrança mais saborosa do que o cheiro de um bolo que acabou de assar? Antes de trazer outra sugestão, gostaria de tratar dos tais furinhos do bolo. São eles os responsáveis pela fofura do bolo e são resultado da ação do calor no fermento químico. Aparecem em razão de um processo químico envolvendo o aquecimento do fermento na massa com formação de gás, no caso o gás carbônico.Você pode perguntar a ela como será que os furinhos apareceram ali, de onde eles vieram. Claro, isto para crianças maiores, talvez 8 a 9 anos. E, a partir das respostas (hipóteses para explicar o fenômeno) que a criança trouxer, você pode partir delas para fazer experimentos que envolvam formação e liberação de gás. Olha o método científico aí! 😉
Outra sugestão é o uso de lupa para aguçar a observação. A lupa é um instrumento ótico bastante simples que nos auxilia, a partir da ampliação do que se observa pela lente, a perceber detalhes que a olho nu, muitas vezes, passariam despercebidos. Sei que não é um objeto tão comum, que todo mundo tenha em casa. No entanto, são de relativa facilidade para se encontrar e há lupas de materiais bastante seguros e tamanhos adequados para crianças manipulares. Imagine caminhar com uma criança por um jardim com uma lupa na mão, indicando à ela usar o instrumento para olhar “melhor” folhas, flores, pedrinhas, a areia e a terra, dando espaço para que ela fale sobre o que está vendo, pedindo que ela compare o que ela vê com a lupa e sem ela. Um exercício simples, prazeroso, possível e que pode favorecer uma mudança mais atenta e observadora na criança.
E aí? Será que te inspirei um pouquinho? Que ideia você teve para trabalharmos a observação? Se quiser, me envie mensagem no email: claudia.ayres7@gmail.com
Até breve!! 😊