Já olhou para uma pessoa e pensou… “o que se passa na cabeça dela?” É disso que se trata Divertida Mente, filme que mostra, de forma lúdica, que as nossas memórias são fixadas pelas nossas emoções, e que todas as nossas recordações, sejam positivas ou negativas, trazem consigo sentimentos.
Divertida Mente é um filme Disney/Pixar que ganhou o Oscar de Melhor Animação em 2016. Foi dirigido pelo norte-americano Pete Docter que, na preparação do roteiro, contextualizou a história com a ajuda de psicólogos e neurologistas. Alguns conceitos científicos trabalhados no filme dizem muito sobre como enxergamos e lidamos com as situações ao nosso redor. Nesta obra acompanhamos a história da pequena Riley, de 11 anos, através de sua mente, e suas emoções geradas desde a infância, até quando sua família se muda de Minnesota para San Francisco, EUA.
Na mente de Riley, acompanhamos suas emoções Alegria, Tristeza, Nojinho, Medo e Raiva, personagens que vivem dentro da “sala de controle” da menina, na qual são responsáveis por processarem as informações que chegam a ela e armazenarem suas memórias. As características de todos esses personagens, além de serem baseadas em estudos psicológicos comportamentais, também tiveram como base o estudo das cores.
Na sala de controle da mente da Riley, as memórias criadas são guardadas em esferas. Na vida real, existe em nosso cérebro uma região chamada hipocampo, e é lá que as nossas lembranças são processadas e convertidas em memórias. No filme também há o conceito de memórias base. São elas que moldam os aspectos da personalidade da Riley, formando as Ilhas da Personalidade, que fazem a menina ser quem ela é. Há uma necessidade constante de alimentar essas ilhas para sermos fiéis a quem somos e não deixarmos a tristeza nos dominar.
“Você não pode olhar só para o que vai mal, tem que fazer uma força e lembrar de algo positivo.”
Divertidamente
Algumas memórias de Riley no filme remetem ao tema abordado por Gary Chapman no livro “As Cinco Linguagens do Amor”, que é o “tempo de qualidade” de uma memória, que nos convida a estarmos presentes de corpo e alma em determinados momentos da vida e usufruí-los da melhor forma possível, ou seja, viver e curtir a felicidade de estar ao lado de pessoas que nos são queridas.
No filme, quando Riley dorme, conhecemos o seu espaço dos sonhos, que é retratado como um estúdio de Hollywood, com figurinos, luzes, cenários, atores e roteiristas que baseiam as histórias dos sonhos na própria vida da menina, em que o olhar dela é a câmera. Conhecemos também o subconsciente. É para lá que costumamos levar o que nos causa algum tipo de problema.
Nas aventuras de Alegria e Tristeza fora da sala de controle, pelos corredores das memórias, elas encontram um amigo imaginário de Riley: Bing Bong, que traz à tona a doçura e a inocência dos primeiros anos de vida da menina, e as auxilia no caminho de volta, não sem antes passarem por diversas aventuras na complexidade maravilhosa que é a mente como, por exemplo, quando buscam compreender sentimentos abstratos, como a solidão.
Ao passarem por uma sala de análise de um pensamento abstrato, com referências a movimentos artísticos como o Cubismo (Pablo Picasso), eles passam por etapas de fragmentação, desconstrução e reconstrução, e retomam a jornada. Passam também pela Terra da Imaginação, onde tudo é possível, e de lá podem sair grandes ideias, no uso da criatividade como resolução de problemas, uma habilidade muito prezada nas competências da nova era.
“O nosso pensamento, eletricamente, vai para o Universo. Porém, ele cria um campo quântico quando é sentido, ou seja, magnetizado. Da cabeça vêm os pensamentos, que são pulsos elétricos, e do coração vêm os sentimentos, que são pulsos magnéticos.”
Elainne Ourives, Holocine Quântico
Quando as Ilhas da Personalidade se apagam, tudo parece desmoronar. Como se tivessem chegado no “fundo do poço”, os personagens caem no Lixão das Memórias. Alegria precisa relembrar de algumas memórias base alegres da criança interior, com a ajuda de Bing Bong, para se impulsionar no “foguete imaginário” e, assim, saírem daquele local. Porém, para que isso realmente ocorresse, foi preciso reconhecer que a Tristeza também teve seu papel de importância, para transformar a memória de Alegria pelas saudades dela.
Ao longo da jornada, Alegria compreende que há ocasiões em que a Tristeza também é necessária, para se lidar com dificuldades reprimidas e que necessitam de um alerta para serem vistas. Isso fica claro quando Riley desiste do plano de fugir para Minnesota sozinha, desce do ônibus e procura abrir suas emoções para os pais. Em nossas vidas reais, é claro que sempre preferimos os momentos alegres aos tristes, mas cada emoção tem a sua importância e a necessidade de ser acolhida em determinadas circunstâncias diante dos desafios da vida. As emoções certas nos ajudam a vencer situações. Divertida Mente percorre as mais profundas ramificações da mente humana, e o faz com base científica, nos convidando, de maneira divertida, a fazer muitos questionamentos acerca de como lidamos com pensamentos, sentimentos e emoções, reflexões acompanhadas de muita diversão.
O filme Divertida Mente, que uniu com maestria questionamentos filosóficos e inquietações existencialistas com diversão e entretenimento para toda a família, foi tema de uma das revistas Sessão Pipoca, produzidas pela Eurekando em parceria com o Serial Cookies. Conheça também as nossas outras revistas já produzidas, que procuram trazer à tona conceitos pedagógicos a serem debatidos entre alunos e professores, de uma maneira lúdica, dinâmica e divertida.
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Lulu Gabriella, formada em Design pela UTFPR e Roberto Oliveira, formado em Comunicação Social – Jornalismo pelo Centro Universitário Uninter, produzem, juntamente com a startup educacional Eurekando, revistas de cunho pedagógico – “TARDIS de entretenimento” – com a proposta de trazer à tona a profundidade psicológica das narrativas, o que há além da superfície, o entretenimento consciente.