Quando falamos em observação, logo acredito que venha em sua mente a ideia de ver, olhar o mundo. Bem, você não está de todo errad@ mas, cá entre nós, para observar algo não precisamos ( e nem devemos) ficar restritos à visão. Explorar o mundo a partir de todos os sentidos é uma ação preciosa, riquíssima em sensações, em percepções. Quantas vezes, desde a infância, nós não fechamos os olhos para sentir melhor o gosto daquele pedaço de bolo que tanto amamos? Ou lembre da última vez que você esteve diante do mar e fechou os olhos para sentir a brisa marítima e o cheiro do mar! Ou ainda, as sensações que nos invadem ao recebermos um carinho, como um beijinho molhado de uma criança na nossa bochecha ou um abraço apertado? Aaahhhh, são os nossos sentidos em ação, nos auxiliando na (re)construção de memórias ou na ressignificação delas. Nossos sentidos atuam como portais para o mundo, nos abrem caminhos para conhecer e reconhecer situações, contextos, saberes que irão construir o nosso cognitivo e o nosso ser no mundo. E são estes mesmos sentidos que são avidamente usados pelas crianças desde muito pequenas para alimentar e saciar a sua curiosidade pelo mundo ao seu redor. Ou seja, as crianças são observadoras no sentido mais amplo desta ação. E não é à toa que a observação é o primeiro movimento que fazemos para aprender e, justamente por isso, a primeira etapa do método científico.
Considerando o método científico como uma forma de organizar a aquisição do conhecimento, a observação é o perceber, é o constatar e não envolve interpretações. É descrever o evento, o objeto, o sistema em estudo da forma como é percebido pelo observador, buscando fazer este relato da forma mais imparcial possível, sem envolver significados. Vou te dar um exemplo para tornar a compreensão mais clara: imagine-se olhando pela janela e visualizando o céu todo cinza, nublado, carregado de nuvens. Alguém chega perto de você e te fala: nossa, parece que vai chover! E você concorda. O que é a OBSERVAÇÃO nesta situação que descrevi? É a DESCRIÇÃO do céu acinzentado e cheio de nuvens! Falar que vai chover, significa que você INTERPRETA a descrição do sistema (céu cinza e cheio de nuvens) como uma referência que você tem em seu cognitivo de que, estas condições são bastante potentes para que você CONCLUA que há grandes chances de precipitação de chuva. Esta interpretação vem de um conhecimento prévio que você traz consigo de vivências anteriores destas condições: aulas de geografia na escola em que ouviu sobre estas condições serem relevantes para que a chuva aconteça, outros momentos em sua vida onde você VIVEU a precipitação da chuva em um ambiente que apresentava estas mesmas condições. Ou seja, é um CONHECIMENTO que você construiu, estabeleceu a partir das suas OBSERVAÇÕES. Agora, imagine usarmos esta etapa de construção do conhecimento de forma intencional com as crianças? Isto é, pensar em ações, sequências didáticas nas quais se estimule a criança a descrever o mundo com atenção, com um sentir mais cuidadoso, olhando e constatando detalhes do sistema que, se não temos um direcionamento, simplesmente passa sem vermos? Quais situações, inclusive cotidianas, do nosso dia-a-dia, podemos conduzir a criança para este olhar, não só curioso, como mais atento?
No próximo texto, vou trazer algumas ideias e adoraria que vocês compartilhassem comigo outras que tenham, ok?
Até breve!