Se uma coisa esta crise do coronavírus trouxe à tona é que, de um modo geral, estamos muito aquém das ferramentas que nos permitem gerir nossas emoções. Provavelmente já o sabíamos antes da crise, mas nunca fomos expostos a uma situação em que tantas emoções intensas ocorreram de forma tão concentrada em poucas semanas: preocupação, ansiedade, tristeza, frustração.
Tony Schwartz, CEO da consultoria The Energy Project, e Emily Pines, diretora de conteúdos na mesma empresa, dizem que as emoções negativas como o stress, a fadiga e o pânico podem ser tão contagiosas como o novo coronavírus. Explicam que os humanos têm duas formas de reagir: a infância e a idade adulta. A parte da criança é a mais indefesa e vulnerável (uma pessoa sobrecarregada, por exemplo), enquanto a parte adulta é a que se mantém calma neste tipo de situação, a fim de tranquilizar a parte da criança.
Segundo esses especialistas, a chave para o lado adulto poder acalmar o lado infantil é a inteligência emocional. Nas situações atípicas ou extremas que todos estamos a viver face à pandemia do coronavírus, é necessário aprender a agir face à incerteza para não nos deixarmos levar por falsas notícias ou pelo pânico. Tony e Emily descrevem esta fase como uma fase de “sobrevivência” e pode ser perigosa porque não ajuda a resolver problemas complexos, pois leva o ser humano a ser reativo em vez de proativo.
Uma opção para evitar cair no modo de sobrevivência é nomear as nossas emoções, uma vez que tê-las engarrafadas pode levar a uma explosão negativa. Uma vez expressos os sentimentos, torna-se mais fácil controlar as emoções e normalizá-las. Ou seja, observar as emoções e nomeá-las dando origem à parte adulta, em vez de ser manipulados por elas.
Outro aspecto importante para lidar com esta crise é tentar manter a calma e concentrar-se no que podemos controlar. Por exemplo, abastecer-se de mantimentos sem cair em pânico, pois isto pode ajudar a que nos sintamais calmos e com controle. Yasmin Anwar escreve em Futurity que, para além de armazenar, concentrando-se em atividades que podem ser feitas em casa, tais como jardinagem ou artesanato, ajuda a controlar a ansiedade. A quarentena é uma boa oportunidade para aprender algo novo ou fazer atividades pendentes, como praticar um instrumento, terminar um livro ou iniciar um blog. Isto vai ajudá-lo a sentir-se mais controlado e a fazer melhor uso do seu tempo. O melhor de tudo é que é fácil encontrar tutoriais on-line sobre tudo, desde aulas de piano a yoga, até aprender a tricotar. Se tiver filhos, estas actividades podem também ajudá-lo a ligar-se e a criar novas atividades familiares.
Estar em contato regular com a família e amigos, em tempos de distanciamento social, é essencial, uma vez que não o fazer pode levar a sentir-se isolado. Atualmente existem muitas aplicações e ferramentas para o fazer, desde o Facebook e WhatsApp, ao Zoom e Skype. Por outro lado, psicólogos e especialistas recomendam que não se verifique constantemente as notícias, particularmente se isto desencadear emoções negativas ou contribuir para estar em modo de sobrevivência. A inteligência emocional permite-nos evitar acreditar em falsas notícias e cair em stress e pânico. Para evitar estes sentimentos, é necessário verificar sempre a fonte da informação – é de um especialista científico ou médico, de um representante do governo ou de um “amigo de um amigo”?
Vamos usar o Google com parcimônia ao procurar sintomas e “soluções” para o coronavírus, desta forma evitaremos o auto-diagnóstico e a automedicação. Em vez disso, recomendamos meditação e exercício, atividades que são simples de fazer em casa e que nos ajudam a ter um maior controle das nossas emoções.
Nestes tempos incertos, a maioria das pessoas está nervosa, ansiosa, por isso é importante praticar a empatia. O coronavírus e o distanciamento social são algo que nos afeta a todos de forma diferente, por isso, tendo em conta que outros podem tomar esta situação de forma diferente pode ajudar-nos a nos conectar melhor com os outros, quer sejam nossos colegas de trabalho, amigos ou família. É também importante lembrar que cada pessoa lida de forma diferente com o stress, pelo que tentar compreender o outro através da empatia pode ajudá-lo a lidar melhor com a situação.
Finalmente, neste momento, é importante aprender a manter a calma. A tecnologia atual permite-nos permanecer ligados ao mundo exterior apesar da alienação social. Além disso, a Internet é uma grande ferramenta para encontrar tutoriais de meditação, respiração e relaxamento que ajudarão a que nos sintamos menos sobrecarregados. Nestes momentos de constante mudança e incerteza, é da maior importância manter a calma, praticar a empatia, e procurar formas de fazer com que esta crise afete o menos possível a nossa vida quotidiana. É necessário procurar reduzir os níveis de ansiedade e concentrar-se no que é realmente importante: a saúde.
REFERÊNCIAS:
The Fear Factor: Building Resilience in a Time of Crisis – The Energy Project
How to manage your COVID-19 anxiety – Yasmin Anwar