No texto sobre atenção já falamos um pouco de uma das funções mais complexas do cérebro humano, a função executiva, responsável pelo planejamento e execução de todas as nossas atividades. Hoje vamos falar de um outro aspecto relacionado à ela: a organização e o manejo do ritmo de trabalho.
Imaginem a função executiva como o centro gestor do cérebro: ele define uma meta (que pode ser algo tão simples quanto escovar os dentes, até objetivos maiores como fazer uma pós-graduação) e então estabelece a sequência de ações necessárias para atingi-la. Posteriormente, avalia a adequação e eficiência dessas em relação ao objetivo pretendido e faz os ajustes que forem necessários.
Pessoas com disfunção executiva tem muita dificuldade em estabelecer essas sequências de ações e em cumpri-las. Acabam se “perdendo” no meio do caminho e muitas vezes são consideradas negligentes, preguiçosas e irresponsáveis, por mais que se esforcem.
Existem estratégias ambientais que podem ser utilizadas no ambiente escolar para ajudá-las. Consistem basicamente em modelos sinalizados que “fracionam” as tarefas em passos menores (quanto maior a dificuldade da criança, mais detalhado o fracionamento), auxiliam quanto ao monitoramento do ritmo de trabalho e da finalização da atividade pretendida.
- Explicitar a meta pretendida e o que se espera do aluno.
- Apontar os passos necessários. Isso pode ser feito na forma de sinalização visual, de diversas maneiras: roteiro escrito ou com utilização de imagens, vídeos-modelo, código de cores (exemplo: adesivos circulares de cores diferentes – já combinadas previamente – para mostrar a ordem de execução) ou demonstrações práticas.
- Eliminar passos desnecessários ou não relevantes para o objetivo em questão, simplificando a demanda para atender à necessidade específica de cada aluno. Algumas vezes, isso implica em eliminar cópia e escrita desnecessária, bem como detalhes não essenciais da tarefa.
- Auxiliar na organização dos materiais que serão utilizados. Aqui novamente podem ser usados modelos com imagens para que o aluno use como referência, sempre que necessário.
- Usar lembretes e dicas visuais em locais de fácil visualização (como a lousa).
- Checar agendamentos e anotações importantes diariamente até que o aluno internalize e assimile esse procedimento como rotina.
- Auxiliar no manejo do tempo. Ter relógio visível, usar timers ou o semáforo de cores. Permitir tempo maior quando necessário.
Por último, não custa reforçar mais uma vez: não, você não está fazendo com que o aluno fique “acomodado” com essa ajuda (eu sei, vocês vão cansar de escutar isso, mas eu não vou cansar de falar!). Na verdade, esse “treinamento” é o que você pode fazer de melhor para prepará-lo para que assuma o controle e sua própria organização.
Faça com ele e não por ele!